Nos autos do processo referente à Operação Ativo Oculto, que mirou membros do Comando Vermelho presos, assim como seus familiares que atuavam fora da cadeia, foi apontada a vida de luxo de Thaisa Souza de Almeida Silva Rabelo, esposa de Sandro Silva Rabelo, o Sandro Louco, fundador da facção em Mato Grosso. Além de possuir veículos de alto padrão, Thaisa já morou nos condomínios Florais da Mata e Brasil Beach Cuiabá Resort, onde recebia membros da organização criminosa em sua residência. 503f1j
As investigações revelaram as condutas praticadas por núcleos específicos do Comando Vermelho. Um deles, liderado por Sandro Louco, é composto por sua tia, Irene Pinto Rabelo Holanda, sua prima Alessandra Rabelo Uszki, sua ex-esposa Laura Verônica Alves Souza Rabelo, pela advogada Adriana Borges Souza Mata e, principalmente, por sua atual esposa Thaisa Souza de Almeida Silva Rabelo.
Sandro é o principal líder do Comando Vermelho no estado, sendo um dos fundadores e, apesar de condenado a mais de 160 anos de prisão já recolhido na Penitenciária Central do Estado (PCE), possui o controle final e domínio sobre as operações criminosas realizadas por toda a facção.
Ele possui vínculo afetivo com Thaisa desde 2013. Conforme apurado, ela integra a organização criminosa obedecendo às ordens de seu marido, além de auxiliar os familiares de outros presos.
Thaisa, a mando de Sandro, promovia a entrega de cestas básicas às famílias de pessoas que foram presas cometendo crimes para o Comando Vermelho, como tentativa de entrar em presídios com drogas ou celulares, por exemplo.
A esposa de Sandro, aparentemente, também movimentava grande quantia de dinheiro em espécie. Foi apontado que ela, apesar de não ter vínculo empregatício ou fonte de renda lícita, possui uma caminhonete Toyota Hilux avaliada em R$ 300 mil, além de propriedades rurais.
Ela realizava pagamentos sempre com dinheiro vivo, com auxílio de outras pessoas, principalmente das advogadas Adriana Borges Souza da Matta e Diana Alves Ribeiro, além de Jusiley Borges Pinto e Elaine Cristina de Oliveira.
Auxiliada por Adriana, inclusive, Thaisa residiu no condomínio Brasil Beach Cuiabá Resort, com aluguel de R$ 6 mil e caução de R$ 24 mil. Posteriormente ela se mudou para o condomínio Florais da Mata, onde pagou aluguel de R$ 9,6 mil e caução de R$ 19,2 mil.
Os contratos de locação estavam no nome de Adriana, porém, ficou comprovado que Thaisa era a pessoa que morava nos locais, considerando também que a renda declarada de Adriana era de R$ 2.082,00. Elaine e Jusiley teriam feito pagamentos de contas e aluguel.
Em diversas ocasiões ela teria recebido nos condomínios pessoas envolvidas com o crime organizado. No Brasil Beach ela recebeu, por exemplo, Alcione Regina Pinheiro de Arruda, que responde na Justiça por porte de arma, Kevenny Felipe Pinheiro da Silva, autor de crimes de tráfico de drogas, roubo, associação criminosa e receptação, Fabiula Thais Corrêa da Silva, que tentou entrar em presídio com celulares em suas partes íntimas, e Lais de Souza Ferreira, esposa de um faccionado. No Florais Thaisa teria recebido Arlei Conceição Teodoro dos Santos, preso na PCE entre 2014 a 2022, e sua companheira Janaina Rossi de Amorim.
Thaisa e Sandro também possuem uma propriedade rural em Acorizal, avaliada em R$ 435 mil. A tia de Sandro, apesar de não ter fonte de renda conhecida, adquiriu um carro avaliado em R$ 124,5 mil, um terreno de R$ 64 mil no Bairro Jardim Mossoró, um terreno de R$ 45 mil no Residencial Pauleceia e um de R$ 70 mil no Bairro Pedra 90, todos em Cuiabá e pagos com dinheiro em espécie.
As investigações também identificaram outros imóveis adquiridos pelas integrantes do núcleo ligado a Sandro e constatou que, ao longo dos anos, o grupo criminoso vem adquirindo bens e serviços com dinheiro vivo, com o objetivo de burlar os registros financeiros e ocultar a origem ilícita dos recursos da facção.
Outros núcleos
O segundo núcleo é vinculado a Luiz Fagner Gomes Santos, vulgo at, Zoio ou Tchutchuca, apontado como tesoureiro do Comando Vermelho.
Ele permaneceu preso por um longo período na PCE, em razão de condenações por tráfico de drogas. Atualmente, em liberdade, o Luiz e seus familiares ostentam um padrão de vida incompatível com a renda presumida ou declarada e, de acordo com o que foi investigado, há movimentações financeiras suspeitas dele e de pessoas a ele ligadas.
O terceiro núcleo estaria vinculado a Fábio Junior Batista Pires, vulgo “Farrame”. Ele é conhecido pela função de captar novos integrantes para o Comando Vermelho, possuindo ligação direta com o líder Sandro “Louco”.
O último núcleo é vinculado a Leonardo Santos Pires, vulgo “Sapateiro ou Maresia”, que está preso na PCE. Ele, em tese, ocupa posição de liderança na facção criminosa.
Leonardo possui vasta ficha de antecedentes criminais pelas condutas de organização criminosa, homicídio qualificado, tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico e roubo qualificado e, com o auxílio da ex-esposa Edna de Jesus Rocha, da prima Ione Caroline Pires e da esposa Talita Liandra Barbosa Matias dos Santos, realizam, em tese, lavagem de dinheiro para a facção, contribuindo para ocultar e dissimular a origem e propriedade de bens e dinheiro ilícitos.
