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40 dias após perder filho, jornalista de 83 anos morre em Cuiabá 2ho6s

Adelino lutava contra diabetes, hipertensão e abalo emocional 383u36

Nenhum recurso da medicina foi capaz de prolongar seu ciclo de vida. O coração parou e os demais órgãos de seu corpo, também. 2m1w6n

Nesta quinta-feira (29/07/21), às 20h25, aos 83 anos, o jornalista e empresário cuiabano Adelino Messias de Mattos Praeiro, diretor-presidente do Diário de Cuiabá fechou os olhos para sempre, no Complexo Hospital de Cuiabá, onde lutava contra o diabetes, hipertensão e crônicos problemas renais agravados pela fragilidade física e o abalo emocional de pai pela morte do filho, o professor Éden Praeiro, em 21 de junho deste ano, vitimado pela pandemia do coronavírus.

Adelino Praeiro marcou época no rádio e no jornalismo mato-grossenses. Ao lado de sua mulher, dona Íris Capilé de Oliveira, por 51 anos dirigiu o Diário. Nos últimos anos, enfrentando problemas de saúde que lhe roubaram a mobilidade o jornalista mantinha vida recatada, em seu apartamento, situação essa muito diferente do longo período de efervescência à frente do mais tradicional jornal de Mato Grosso.

Apaixonado pelo jornalismo, Adelino Praeiro fez dessa paixão ferramenta em defesa da democracia e da igualdade entre homens e mulheres, e contra preconceitos. Assim, o Diário foi o precursor entre os jornais brasileiros na defesa da redemocratização proposta pela emenda das eleições diretas para presidente, do então deputado federal cuiabano Dante de Oliveira; foi o primeiro matutino mato-grossense editado por mulher, a jornalista Tânia Nara; e com uma página Social assinada por um homossexual, José Jacintho de Siqueira, o Jejé de Oyá, que antes do jornalismo destacava-se enquanto costureiro e figurinista, numa época marcada pela homofobia no país inteiro. As grandes bandeiras cuiabanas e mato-grossenses pela ligação ferroviária de Cuiabá a Santos, pela industrialização, melhoria e ampliação do sistema de saúde, saneamento, regularização fundiária e tantas outras sempre foram causas do jornal.

Defensor da integração mato-grossense, no final da década de 1970 e começo dos anos 1980 Adelino Praeiro instalou sucursais do Diário nos polos regionais de Sinop, Cáceres, Tangará da Serra, Barra do Garças e Rondonópolis. Com essa iniciativa o jornal ganhou condição de cobrir editorialmente os principais fatos em Mato Grosso, fora de Cuiabá e Várzea Grande, numa época em que a Comunicação não tinha as ferramentas virtuais de agora, que permitem sua universalização em tempo real.

O Diário fundado em 24 de dezembro de 1968 nasceu em preto e branco, com sua composição por máquinas linotipo e ilustração por clichês. Com Adelino Praeiro a partir de 1969 o jornal ou por todas as fases da evolução da Imprensa gráfica ganhando editorias, cores, cadernos segmentados, produção fotográfica e de infografia. Sem concorrência com a edição imprensa, o Jornal abriu leque para sua versão digital em mais um de seus pioneirismos na Comunicação mato-grossense.

Em 1969 radialista de renome em Cuiabá, Adelino Praeiro era assessor de Imprensa do governador Pedro Pedrossian, quando foi convidado por dona Íris Capilé de Oliveira para associar-se a ela no Diário, jornal que perdeu seu fundador o radialista e jornalista cuiabano João Alves de Oliveira em 4 de janeiro daquele ano, logo após a circulação de sua quarta edição. Alves de Oliveira tombou vítima da violência, assassinado por um cidadão que não aceitou a publicação de uma matéria narrando um acidente automobilístico causado por uma mulher de sua família. O convite foi aceito e os dois se desdobraram para pagarem as dívidas contraídas para a criação deste matutino.

Assegurar a circulação diária do jornal, em seus primeiros os, exigia muita dedicação, luta, coragem e espírito visionário. A cidade tinha 95 mil habitantes, não tinha o hábito da leitura nem contava com o rodoviário pavimentado e a energia era gerada por conjuntos diesel estacionários. O frete abusivo dava o tom do transporte das bobinas de papel para impressão, pela esburacada rodovia BR-163 no trajeto de 710 quilômetros de Campo Grande a Cuiabá. As máquinas linotipo operavam com chumbo derretido para formação dos caracteres. As quedas de energia eram constantes e, quando aconteciam, o chumbo derretido se solidificava; para retomar o trabalho dos linotipistas era preciso aguardar que novamente as caldeiras fossem aquecidas. A cidade sequer contava com mão de obra especializada para manutenção do parque gráfico, o que exigia a contratação de empresa ou prestador de serviço em outros estados.

O lema do Diário, Fruto de um ideal que jamais sucumbirá, criado por Alves de Oliveira, sempre motivou Adelino Praeiro e dona Íris Capilé de Oliveira, e décadas após décadas, a população cuiabana mantém a tradição da leitura matinal do jornal que é olhos, ouvidos e boca da Capital mato-grossense.

Discreto, Adelino Praeiro sempre se empenhou por causas sociais em Cuiabá e outras cidades. Seu lado humanitário foi um dos pilares de seu perfil. O servir ao próximo veio do berço. Seus pais, os cuiabanos Flavina de Matos e Aristotelino Alves Praeiro, o Tenente Praeiro, lhe ensinaram e aos seus irmãos Aristotelino, José Arnaldo, Anice, Maria Auxiliadora, Alcione, Zaída Isabel, Esmeralda e Vilma, que o verdadeiro sentido da vida é o amor ao próximo. Boa parte da vida do Tenente Praeiro foi dedicada ao ensinamento da doutrina kardecista e à Federação Espírita do Estado de Mato Grosso, à qual presidiu.

Diário de Cuiabá

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